Mídias sociais, acessibilidade, novos modelos de gestão, participação popular
“É difícil fazer política sem pensar nas redes sociais”, afirmou o analista do Senado Federal, Tarso Rocha, ao abrir o segundo dia de palestras do 10º Encontro Nacional do Grupo Interlegis de Tecnologia. “Hoje, quase metade do Brasil está conectado no Facebook e aproximadamente 80% dos brasileiros utilizam o Whatsapp”, disse ele, explicando a necessidade de se entender a linguagem das redes, tanto no que diz respeito à escolha do conteúdo, quanto à estética. Além de relatar a experiência do Senado, ele respondeu a vários questionamentos dos participantes sobre padrões e cuidados na abordagem da comunicação institucional.
O uso das mídias sociais também foi um dos temas abordados na palestra seguinte, de Alan Carlos Gonçalves, servidor da Câmara Municipal de Paracatu (MG), mas ele próprio participantes de campanhas, por meio de empresas de comunicação. Ele analisou dados da eleição de 2018 para mostrar erros e acertos de estratégias, o que gerou um grande debate com a plateia. Para ele, fundamental para o êxito de uma eleição é que o político represente uma causa.
Já Fernando Lima Torres, da Câmara dos Deputados, mostrou os avanços da discussão sobre projetos de lei de iniciativa popular – atualmente, é preciso ter 1,5 milhão de assinaturas para que uma ideia possa tramitar como projeto de lei, o que fez com que apenas quatro (entre eles o da Ficha Limpa) tivesse êxito de 1988 até agora. Um grupo de servidores desenvolveu, então, um novo modelo, através de plataforma digital, em convênio com o Tribunal Superior Eleitoral, simplificando desde a coleta de assinaturas, o processo de conferência, com um portal para submeter os textos aos cidadãos e que seja auditável. O projeto está pronto, aguardando votação.
Acessibilidade e gestão
A servidora legislativa Taiane Fernandes veio a Brasília contar porque a Câmara Municipal de Suzano (SP) é um exemplo de acessibilidade digital: foi o primeiro órgão público do Brasil a receber o Selo de Acessibilidade Digital, da Prefeitura de São Paulo, e é hoje um dos cinco sites mais acessíveis do país. Taiane explicou que a Câmara se sensibilizou para o desafio de tornar o seu site mais acessível e afirmou que a empatia é a principal ferramenta para se identificar as necessidades de quem busca a informação via internet, lembrando que 45 milhões de brasileiros tem algum tipo de deficiência física:
_ “O parlamento do futuro é inclusivo, não adianta inovar sem incluir” – disse Taiane que, ao final, respondendo perguntas, contou que faz parte de um projeto junto ao Interlegis para tornar o Portal Modelo 100% acessível.
Como alcançar o dobro do resultado na metade do tempo foi a palestra de Fernanda Machado, da empresa Empresário de Férias. Fernanda fez breve explanação sobre a ferramenta SCRUM que promove a alta da produtividade em um curto período de tempo por meio da distribuição de tarefas entre equipes multidisciplinares, um princípio do SCRUM (que é o nome de um lance oriundo do jogo rúgbi em que o time se une para fazer uma jogada).
Outra nova abordagem em gestão – o design thinking - foi discutida por Rodrigo Mota Narcizo, que hoje trabalha na Agência Nacional de Aviação Civil. A partir de casos concretos, mas com a participação direta dos presentes, ele demonstrou como o processo funciona e pode ser útil também em políticas públicas. Para isso, disse, é preciso ter em mente que os problemas são complexos, interconectados, com atores múltiplos e que o processo não é uma mágica. Destacou a necessidade de colaboração horizontal, planejamento e busca de resultados.
Participação fora da agenda, Florian Madruga, presidente da Associação Brasileira das Escolas do Legislativo (ABEL), que conta com 210 escolas em todo o país, se colocou à disposição para ajudar na criação das instituições nas câmaras. Ele apresentou exemplos de trabalhos feitos por Escolas do Legislativo, como o de Pouso Alegre (MG) que publicou três livros Direitos e Deveres Individuais e Coletivos, para alunos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio.
Mais tecnologia
Luis Fernando Pires Machado, servidor do Senado, falou sobre os conceitos que envolvem as ideias de cidade virtual, cidade digital e cidade inteligente. Lembrando que daqui a dois anos teremos 82,5% da população mundial nas cidades e 50 bilhões de dispositivos conectados, ele disse que a cidade inteligente é hiperconectada, que há muitas ferramentas disponíveis, mas que ainda há desafios a serem enfrentados, por exemplo, pelos legislativos municipais. Ele defendeu a integração da cidadania aos processos de gestão.
A Câmara da pequena cidade catarinense de Itapoá, de 20 mil habitantes, mais uma vez compareceu ao EnGITEC com um exemplo de economia e uso de tecnologia em favor da população. Francisco Xavier Soares Filho mostrou como foi possível, em pouco tempo, fazer transmissões ao vivo pela internet, em alta definição, das sessões, com o uso exclusivo de softwares livres e sem depender de empresas terceirizadas. Segundo ele, uma preocupação de eficiência, economicidade e preocupação em ouvir as demandas da sociedade.