Balanço do primeiro dia do PyConBrasil
O encontro não poderia ter sido aberto de maneira mais significativa: a palestra de Fabiano Weimar dos Santos, o Xiru, como é conhecido nas listas de discussão da comunidade Python, constou de uma sintética exposição sobre as possibilidades de utilização do Zope e do Plone em ambientes corporativos, com representativos ganhos de escala. Truques e dicas sobre como ampliar em muitas vezes a performance do Plone rodando sob o Apache. Fabiano fala com a autoridade de quem tem-se destacado no trabalho em grandes portais nacionais como consultor da Câmara dos Deputados, do Brasil.gov, da Presidência da República, do IDGNow e Computer World. Xiru é também consultor e desenvolvedor Plone, contribui com o Archetypes – aplicação para automatizar o desenvolvimento de produtos em Plone – e é um dos criadores do ArchGenXML.
A seguir o belga radicado no Brasil Etienne Delacroix trouxe ao ambiente técnico de II PyconBrasil uma visão diferenciada de tecnologia e arte, apresentando o que chama de “teatralização do conhecimento”, que se materializa na utilização de sucatas tecnológicas em obras e soluções que buscam despertar no receptor o máximo de impacto. Etienne já levou seu laboratório móvel para a Universidade do Uruguai e hoje trabalha na Escola Politécnica (Poli) da Universidade de São Paulo(USP). Doutor em Física nos Estados Unidos, fez ainda dois pós-doutorados, em Paris e Nova York. Mas a pulsão pela arte levou-o ao movimento da contracultura dos anos 1970 e à elaboração da proposta que o mantém desde 2001 na América Latina.
“Oficina de Programação e Arte: uma metodologia de inclusão digital em profundidade”. Com este enigmático título, Etienne apresentou a proposta que ocupa espaços alternativos da USP e reúne sucatas para propor aos alunos voluntários uma incursão que concatene e misture arte e tecnologia, seu conhecimento e representação nas peças e componentes eletrônicos de um computador. Utilizando Python e outros softwares livres, Etienne reúne alunos de diversas áreas da universidade para sugerir a elaboração de softwares e soluções que interajam com a sociedade, buscando uma interseção entre as tradicionais áreas acadêmicas da pesquisa, extensão e ensino. Tudo temperado pela força da criação artística. Surge de sua elaboração uma proposta diferenciada de atuação na inclusão digital em um sentido epistemológico.
Outro destaque da programação foi a apresentação realizada pelos servidores do Serpro – Serviço Federal de Processamento de Dados, que apresentou o uso do Python em programas geradores de cadastros. O destaque foi o uso do Python como uma alternativa viável e concreta a outras plataformas, que normalmente surgiriam como soluções naturais. A experiência é relevante por ser uma solução que foi distribuída em mais de 100 mil máquinas espalhadas pelas escolas públicas do Brasil e rodou sob sistemas operacionais diversificados: de Windows 95 a XP passando, claro, por diversos Linux. O cadastro nacional reúne mais de 40 milhões alunos e 205 mil escolas. Érico Andrei, Diretor de Tecnologia da Simples Consultoria, abordou o futuro do Python, analisando suas perspectivas de mercado. Segundo Andrei, Python é um diferencial tecnológico para aqueles que o utilizam. Reconhece, entretanto, que a ausência de uma corporação responsável por ações de marketing sobre a linguagem, tornam-na muito menos conhecida do que outras linguagens com o mesmo tempo de mercado. Esse cenário tende a mudar nos próximos anos, opina, ressaltando os investimentos de empresas como Google, Nokia e Microsoft e o sucesso de iniciativas de gestão de conteúdo com o Plone.
As palestras-relâmpagos, previstas para dar maior dinamicidade ao evento e garantir a participação de muitos, também surtiram grande efeito, o que já acena para mais espaço para este tipo de atividade no III PyconBrasil. Os quatro treinamentos realizados durante o primeiro dia também registraram grande sucesso: salas cheias e gente esperando as próximas apresentações. Dois temas foram abordados pela manhã: “PyGTK, Encantando programadores GUI” e “Desvendando o Django”. À tarde o espaço ficou para duas apresentações sobre “Python básico”, que não deixou espaço vazio nos laboratórios do Interlegis.
Mais informações: Mário Simões (61) 8121-2828 - msc@msc.jor.br