Brasil defende em Sydney proposta de combate ao desmatamento
O governo brasileiro apresentaem Sydney, na Austrália, os números da
redução de desmatamento obtidos pelo País nos últimos anos, bem como a
sua proposta de incentivo ao controle de desflorestamento, durante a
Reunião de Alto Nível sobre Florestas e Clima. O encontro, promovido
pela Austrália, em Sydney, de 22 a 25 de julho, é preparatório para a
Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (COP-13), que
será realizado em Bali, na Indonésia, em dezembro.
Participam do evento países de todos os continentes, gerando uma
importante oportunidade para o Brasil angariar apoio para sua proposta
de mecanismo de incentivos positivos, que irá a debate na COP-13. O
governo brasileiro será representado pela secretária de Mudanças do
Clima e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Thelma
Krug, e pelo assessor internacional do ministério, Fernando Lyrio.
Nos últimos dois anos, o Brasil reduziu o desmatamento da Amazônia em
52%, voluntariamente, uma vez que não integra acordos oficiais com a
comunidade internacional para chegar a esse resultado. Segundo o MMA, o
desempenho positivo do Brasil na área confere credibilidade entre as
nações para conseguir aliados em sua proposta mundial. A intenção do
Brasil é conseguir em Bali que os países ricos apóiem, inclusive com
créditos financeiros, os programas de combate ao desmatamento efetuados
pelos países em desenvolvimento.
De acordo com Lyrio, a proposta brasileira difere dos mecanismos de
mercado praticados atualmente, nos quais os países industrializados
apóiam os programas de outras nações e, em troca, compensam com o
aumento da sua própria emissão de carbono. "A proposta brasileira tem
caráter voluntário. Supõe um apoio para reduzir a devastação das
florestas sem compensação, baseado no compromisso ético de mitigar os
efeitos das mudanças climáticas", afirmou Lyrio. "Por que algum país
não apoiaria, se o planeta todo é beneficiado", disse.
Outra característica da proposta brasileira é o caráter nacional da
redução do desmatamento, e não pontual. O governo brasileiro entende
que a redução do desmatamento deve ser medido em todo o território de
um país, e não apenas em regiões específicas. Para tanto, propõe um
sistema de aferição cientificamente confiável e transparente, aberto à
sociedade, como o Deter (Detecção de Desmatamento em Tempo Real). O
Brasil se dispõe a auxiliar outros países em desenvolvimento na
implantação do sistema, que utiliza software livre, além de oferecer
treinamento.
Os debates na Austrália serão dominados justamente pelos efeitos do
desflorestamento nas mudanças climáticas. Mais precisamente sobre a
necessidade de preservar os recursos florestais para reduzir os
impactos no clima mundial. Além das delegações de governos, estarão em
Sydney autoridades do Banco Mundial, organizações não-governamentais,
entidades sociais e representantes do setor privado.