Semana Mundial da Alimentação
Nesta terça-feira (16/10), 190 países se
voltarão para um tema que interessa a todo o planeta: o combate à fome e o
acesso a uma alimentação adequada. Se em outras nações comemora-se o Dia
Mundial da Alimentação, no Brasil a data ganhou tanta importância que foi
transformada em semana.
Desta segunda (15) até a próxima sexta-feira (19), várias
cidades brasileiras serão palco de palestras, encontros, seminários e
homenagens. (Confira a programação completa no endereço www.fomezero.gov.br).
O tema escolhido para a edição deste ano foi O Direito à Alimentação. “O
Brasil tem sido um defensor, desde o primeiro momento, e um promotor
internacional do tema. Baseamos a nossa legislação e os nossos programas no
conceito do direito à alimentação”, observou o coordenador de Ações Gerais do
Combate à Fome do Ministério das Relações Exteriores, Milton Rondó.
De acordo com o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura
e Alimentação, FAO, Jacques Diouf, o assunto reflete a crescente tomada de
consciência internacional do papel determinante que os direitos humanos
desempenham na erradicação da fome e da pobreza. Mas, ele emenda que ainda há
muito a ser feito: o primeiro passo é não aliar o acesso à alimentação a ações
de caridade, mas a um direito. “Assegurar que todos os seres humanos disponham
de um suprimento de alimentos adequado e estável é mais que uma obrigação moral
e um investimento com retornos econômicos potencialmente altos: é a realização
de um direito humano fundamental, e o mundo tem os meios para torná-lo
realidade”, frisou Diouf, na mensagem que escreveu sobre a Semana.
Assessor especial da Presidência da República e coordenador do projeto Talher
Nacional, Selvino Heck, destaca que a importância da Semana se baseia em um
tripé de ações: chamar atenção para a alimentação como direito básico; alertar
para a necessidade urgente de uma distribuição justa de renda; e conscientizar
a sociedade e as organizações públicas e privadas para que se cumpram os
Objetivos do Milênio - entre eles, que ninguém passe fome e que haja uma
distribuição eqüitativa de comida. “Cada vez mais a sociedade brasileira se
conscientiza de que o direito humano à alimentação precisa ser discutido e
assumido por todos. Assim, cresce o número de eventos diversificados que se
espalham por todo o Brasil, o que é muito bom”, comemorou.
Embora haja avanços, o Brasil e o mundo ainda não venceram a fome e a miséria.
Representante da FAO na América Latina, José Graziano da Silva afirma que ainda
existe um longo caminho para que o acesso adequado à alimentação se torne uma
realidade.
Segundo Graziano, para se cumprir o compromisso assumido na Cúpula Mundial de
Alimentação, em 1996, de reduzir à fome a metade até 2015, seria preciso que
412 milhões de pessoas não tivessem acesso à comida. Porém, se mantido o ritmo
atual de erradicação do problema, 582 milhões de pessoas continuarão a não ter
este direito básico assegurado. “Estou convencido de que para combater a fome
precisamos desenvolver ações de curto e longo prazo. Quem tem fome, tem pressa,
já dizia o Betinho”, citou.
Selvino Heck destaca os três principais desafios ligados à questão. O primeiro
deles é garantir comida a todos os brasileiros e brasileiras. O segundo é
assegurar trabalho e renda, para que todos os cidadãos possam se sustentar e
não depender de políticas governamentais. “E o terceiro, tão importante quanto,
é saciar a sede de beleza, cidadania, direitos e participação democrática a
todos”, refletiu.
E uma das apostas de todos os que lutam pelo acesso à comida é congregar
esforços para obter melhores resultados. Na luta contra a fome, parceria é a
palavra-chave. “Nenhum governo sozinho resolve todos os problemas, assim como a
sociedade também não é capaz, sem a parceria do poder público, de garantir
dignidade e justiça social”, defende Heck. “Se há pessoas que não conseguem
satisfazer, sozinhas, as próprias necessidades, elas precisam ser ajudadas”,
emenda Graziano.
Presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, Consea,
Chico Menezes reforça a importância de datas comemorativas, como a realização
da Semana. “É um momento importante para que os governos reafirmem o
compromisso com o combate à fome”salientou.
Em todo o mundo, o Dia Mundial da Alimentação é celebrado com vigílias,
cerimônias culturais, acadêmicas e oficiais. (A lista completa com os eventos
programados no Brasil está disponível na página www.fomezero.gov.br).
Para este ano, o principal ato programado para a América Latina e países do
Caribe será a entrega das Diretrizes Voluntárias para assegurar a realização
progressiva do direito à alimentação ao presidente do Congresso Nacional de
cada país. As diretrizes, criadas em 2004, reúnem um conjunto de recomendações
para os governos e a sociedade civil, e servem como ponte entre o
reconhecimento do direito e o acesso efetivo à alimentação adequada.