Artista pela simplicidade
Em 18 de agosto de 1958, quando chegou à capital federal ainda em construção, Athos Bulcão talvez não imaginasse o que sua arte representaria 50 anos depois. A convite de Oscar Niemeyer, Athos coloriu e aprimorou as linhas ousadas do arquiteto, espalhando seus azulejos por Brasília, nas mais diversas construções. Do Congresso Nacional a Escolas Classe do Plano Piloto, a arte de Athos Bulcão esteve em toda parte, proporcionando aos brasilienses e aos visitantes acesso livre a uma arte de beleza e simplicidade inigualáveis.
"Escolhi [o azulejo] porque é um material barato e de fácil implantação", afirmou o artista em entrevista à UnB Agência. E, justamente através de um painel de azulejos, Athos Bulcão embelezou a entrada do edifício sede do Interlegis, inaugurado em 2001. Com onze metros de altura por dez metros de largura, o painel é a marca registrada da recepção do Interlegis, decorando o ambiente com o material predileto do artista plástico.
Os painéis do artista enfeitam toda a cidade, como na Capela do Palácio da Alvorada, na Câmara dos Deputados, no Senado Federal, na Universidade de Brasília e no Hospital Sarah Kubitscheck, onde passou os últimos 4 meses de vida. Sobre Brasília, Athos disse: "Artista eu era. Pioneiro eu fiz-me. Devo a Brasília esse sofrido privilégio. Realmente um privilégio: ser pioneiro. Dureza que gera espírito. Um prêmio moral". Os premiados, na verdade, fomos todos nós. Athos Bulcão se foi, mas seu legado permanecerá vivo enquanto suas linhas geométricas seguirem fascinando gerações.