Metas do Milênio: Brasil vai sediar Conferência da ONU
O Brasil vai sediar, em novembro, a Conferência Internacional sobre os
Objetivos do Milênio. O anúncio foi feito em Genebra, na Suíça, pelo
ministro José Gomes Temporão, durante a Assembléia Mundial da Saúde. As
metas do milênio foram fixadas, no ano 2000, por 191 países da
Organização das Nações Unidas (ONU) e devem ser atingidas até 2015,
envolvendo melhorias nas áreas da educação, saúde, meio ambiente e
direitos das mulheres. Outra notícia importante vinda de Genebra é a
eleição do Brasil para integrar o Comitê Executivo da OMS, órgão
responsável pelas decisões máximas da entidade.
Entre
os objetivos do milênio que serão discutidos na conferência de
novembro, um deles trata da queda do índice de mortalidade infantil. Os
países se comprometem a chegar a 2015 tendo reduzido essa taxa em pelo
menos dois terços, a partir de 1990. Segundo a OMS, o Brasil é um dos
poucos que alcançarão a meta antes do prazo: em 2012, o índice no país
deverá ser de 14,4 óbitos por mil nascidos vivos (era de 43,2 em 1990).
Esse avanço está diretamente associado à melhoria da qualidade da
atenção básica e à ampliação do Programa Saúde da Família (PSF), hoje
presente em 5.141 municípios (92,4%) e com uma cobertura assistencial a
89,3 milhões de brasileiros (47,5%).
Cada equipe do PSF é
composta de pelo menos um médico, um enfermeiro, um auxiliar de
enfermagem e de 4 a 12 agentes comunitários de Saúde. São 27.886
equipes em todo o País, e seu trabalho se alia à ampliação das
consultas de pré-natal e à qualificação do acompanhamento das
gestantes. Quanto maior o número de mulheres com pré-natal em dia,
maior a chance de os bebês nascerem saudáveis. A luta contra a
mortalidade infantil inclui também o acompanhamento periódico de todas
as crianças nas áreas cobertas pelo PSF, além de um eficiente programa
de vacinação, com coberturas cada vez maiores.
Em relação a uma
outra meta do milênio – melhorar a saúde das gestantes – o Brasil
trabalha fortemente para reduzir, em um terço, de 1990 a 2015, o índice
de mortalidade materna (em 2005, estava em 73,9 óbitos por 100 mil
nascidos vivos). Uma das iniciativas foi a ampliação, em 92%, do número
de comitês de estudos sobre o tema, chegando a 748 municípios. A partir
da melhora na investigação dos óbitos pelos municípios, serão possíveis
a identificação das causas e uma intervenção mais eficaz por parte dos
gestores do Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, o Brasil
qualificou 451 maternidades de referência em todas as unidades da
federação, ampliou a cobertura pré-natal para 72% das gestantes e
iniciou a estruturação de uma ampla rede de atenção à mulher em
situação de violência. Ao mesmo tempo, o Ministério da Saúde oferece,
gratuitamente, todos os métodos contraceptivos, incluindo o
preservativo masculino, para garantir a dupla proteção contra as
doenças sexualmente transmissíveis e a aids.
Sobre a conferência
internacional que acontecerá no Brasil, o ministro Temporão informou
que o objetivo do encontro é fazer um monitoramento sobre como os
países estão trabalhando para atingir as metas do milênio. Segundo ele,
é a primeira vez que o Brasil sediará um encontro de tamanha amplitude.
"E é justamente no momento em que os objetivos do milênio, o maior
acordo global dos últimos tempos, correm o risco de não lograr êxito em
vários países. Com decisão política e recursos financeiros ainda há
tempo para que esse quadro seja revertido, com as metas sendo atingidas
na maior parte das nações envolvidas. A conferência é importante porque
os países em dificuldade poderão receber ajuda e ser orientados a
fazer alguns ajustes de rota", afirmou Temporão.
O evento no
Brasil vai ocorrer paralelamente a uma conferência internacional sobre
o combate à pobreza, que vem a ser o primeiro objetivo do milênio. Na
mesma ocasião, serão comemorados os 20 anos da criação do Sistema Único
de Saúde (SUS), os 30 da Declaração de Alma-Ata, em que os
países-membros da ONU se comprometeram a fortalecer a atenção primária
à saúde, e os 15 do Programa Saúde da Família (PSF).
São oito as metas do milênio:
• Erradicar a extrema pobreza e a fome
• Universalizar a educação básica de qualidade
• Promover a igualdade entre os sexos e a valorização da mulher
• Reduzir a mortalidade infantil
• Melhorar a saúde das gestantes
• Combater a aids, a malária e outras doenças
• Priorizar a qualidade de vida e o respeito ao meio ambiente
• Estabelecer uma parceria mundial pelo desenvolvimento
Reconhecimento
internacional- O Brasil foi eleito para compor o seleto grupo de 36
países que integram o Comitê Executivo da Organização Mundial da Saúde
(OMS), onde são tomadas as decisões máximas da entidade, depois
examinadas pela Assembléia Mundial da Saúde e implementadas pelos
países-membros. Fazer parte do Comitê Executivo é um privilégio
concedido aos países que se destacam pelos avanços conquistados na área
da saúde. O mandato do comitê recém-eleito vai de 2008 a 2011.
O
ministro José Gomes Temporão designou o presidente da Fundação Oswaldo
Cruz, Paulo Buss, para representar o Brasil no comitê da OMS. Para
substituto de Buss, o ministro indicou o secretário de Gestão, do
Trabalho e da Educação em Saúde do Ministério da Saúde, Francisco
Campos.
No comitê, o Brasil vai defender, como prioridades,
ações mais efetivas da OMS na consecução dos objetivos do milênio, no
enfrentamento dos determinantes sociais da saúde (saneamento, emprego,
educação, renda, entre outros), no reforço dos sistemas de saúde, no
investimento na força de trabalho e no acesso universal a medicamentos
e outros insumos para a saúde. Outro reconhecimento ao Brasil foi a
concessão do Prêmio SasaKawa 2008, um dos mais prestigiosos do mundo na
área da saúde, ao Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela
Hanseníase (Morhan).
Ministério da Saúde