“As manifestações de rua vão continuar”, diz diretora do Latinobarómetro
Uma das principais instituições de pesquisa da América Latina, fundada nos anos 90 para acompanhar os processos de transição democrática na América Latina, é o Latinobarómetro, que atua em 18 países. Marta Lagos é fundadora e sua diretora-executiva . Ela está no Brasil para analisar as manifestações populares do Brasil, num seminário internacional que ocorreu nesta segunda-feira, na Câmara dos Deputados. No Instituto Legislativo Brasileiro (ILB), ela discutiu possibilidades de cooperação.
Na sua avaliação, as manifestações vão continuar, até que sejam promovidas mudanças reais, que façam com que o povo não se sinta excluído dos frutos do desenvolvimento econômico. De acordo com as pesquisas promovidas pelo instituto, o senti mento de inclusão é mais alto em países como Nicarágua, Venezuela e Equador, a despeito de serem países que enfrentam diversos problemas políticos e econômicos.
O povo, segundo Marta Lagos, é mais democrático que as elites, que repetem promessas que não se concretizam. “Ele espera até cansar e não confia nos políticos e nas instituições, embora preze a democracia”, disse ela. Outro sentimento forte, segundo as pesquisas feitas pelo Latinobrómetro, é a de que o povo identifica a democracia com liberdade e reivindica cada vez mais a liberdade que foi prometida e o que com ela pode ser alcançado.
“A maior demanda regional é por inclusão”, disse ela, ao avaliar que as pessoas dizem que “não pertencem a este mundo”. Os partidos políticos precisam fazer autocrítica, disse Lagos, porque estão esclerosados, fechados e sempre com os mesmos atores. A pergunta, segundo ela, é “por que não sair às ruas” e não o contrário.
Marta Lagos aproveitou para discutir possibilidades de cooperação com o ILB. Ela disse que a instituição carece de recursos para fazer pesquisas no Brasil (uma pesquisa anual, nos moldes do que o instituto faz custa 150 mil dólares) e que gostaria de contar com o apoio local. A diretora executiva do ILB, Elga Lopes, ficou de analisar com as áreas afins do instituto o que pode ser feito. Além disso, Marta Lagos levou uma proposta de convênio com o ILB e ficou de enviar um modelo de parceria que o Latinobarómetro mantém com instituições espanholas.