Golpe por Whatsapp utiliza o nome do Interlegis para obter vantagens financeiras
10/08/2020
Presidentes de Câmaras Municipais e de Assembleias Legislativas da Região Norte do país relataram ter recebido mensagens pelo aplicativo Whatsapp com ofertas de equipamentos como notebooks, tablets, impressoras e até microfones, que seriam fornecidos pelo Interlegis mediante realização de depósito em conta corrente.
Na última terça-feira (4), o presidente da Câmara Municipal de Manicoré (AM), Augusto Vieira do Nascimento (PSD), foi ludibriado após receber, em seu Whatsapp, a proposta de uma parceria entre o Interlegis e a Câmara Municipal.
Augusto chegou a efetuar um depósito no valor de R$ 1.275,00. Em contrapartida, o Interlegis, segundo o golpista, iria enviar quinze tablets, quinze notebooks, duas caixas acústicas, quinze microfones sem fio, dois telões, cinco computadores e duas impressoras. O caso foi levado para as autoridades policiais da região.
“O criminoso se apresentou como representante do Interlegis, de Brasília. Aproveitou-se de um momento delicado, pois estou me recuperando da Covid-19, e conseguiu me convencer de que havia uma taxa de adesão de quinze parcelas de R$ 85,00 para que os equipamentos fossem enviados”, revelou o presidente.
A identificação do golpe ocorreu após o servidor da área administrativa da Câmara Municipal de Manicoré (AM), Gabriel Caetano, ter acesso às mensagens. Desconfiado da veracidade das informações, o servidor entrou em contato com a equipe do Interlegis.
“Percebi que poderia ser um golpe assim que li as mensagens, pois nunca ouvi dizer que o Interlegis fornece esse tipo de equipamento. Sei que os serviços e produtos são gratuitos. Mas, infelizmente, o depósito já havia sido feito”, contou Gabriel.
O instrutor do Interlegis, José Bonifácio de Góis Junior, alertou Gabriel que o presidente da casa legislativa havia sido vítima de um golpe. Ele destacou que o Interlegis não disponibiliza equipamentos físicos desde o início dos anos 2000.
“No final da década de 90 e início dos anos 2000, o Interlegis fez a inclusão digital de mais de três mil Câmaras Municipais com a cessão gratuita de desktops e outros equipamentos que, na época, modernizaram as casas para possibilitar o acesso à internet. Foi um serviço gratuito, como todos os que são ofertados pelo Interlegis”, ressaltou o instrutor José Bonifácio.
Mesmo abalado com a situação, o presidente da CM de Manicoré fez questão de relatar o seu caso para que sirva de exemplo às outras Casas, tendo em vista que outros casos semelhantes já haviam sido relatados, mas os golpes não foram concretizados.
“Espero que o que aconteceu comigo sirva de lição para que não aconteça o mesmo com outros colegas presidentes de casas legislativas”, concluiu.
O Diretor Executivo do Interlegis, Márcio Coimbra, lamentou o ocorrido e reforçou que o órgão vinculado ao Senado Federal não fornece esse tipo de material para as casas legislativas e que todos os seus produtos e serviços são ofertados gratuitamente.
“É lamentável que esse tipo de golpe tenha como alvo as casas legislativas, que são nossas parceiras e, apesar dos recursos limitados, estão sempre em busca de conhecimento e de atualização para melhorar o atendimento à comunidade. A missão do Interlegis de modernizar o Legislativo Brasileiro vai justamente ao encontro dessa demanda dos parlamentos estaduais e municipais, pois oferece, sem custo, todo o suporte e manutenção para a transferência de tecnologia e capacitação constantes”, afirmou Coimbra.
O Interlegis orienta as Câmaras Municipais e Assembleias Legislativas que, caso recebam algum contato dessa natureza, denunciem o caso à delegacia mais próxima, pois trata-se de uma fraude.