Os regimes políticos autocrático, democrático e a liberdade foram debatidos em Webinar do Interlegis
15/09/2020
O Webinar “Autocracia, Democracia e Liberdade. Para onde vai o mundo?” debateu os regimes políticos existentes na atualidade, os caminhos do acesso à informação e o direito democrático de expressão da sociedade. O evento aconteceu na última sexta-feira(11) e fez parte do ciclo de debates internacionais realizado pelo Interlegis, em parceria com o Instituto Mundial para as Relações Internacionais (IR.wi).
O Senador Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, fez a abertura do Webinar. O senador disse estar preocupado com a polarização que permeia o universo político e a sociedade no Brasil e no mundo.
- Vivemos em um mundo polarizado, em que os extremos utilizam todos os tipos de artifícios para permanecerem no poder e evitar a alternância democrática - avaliou o senador.
Ele ressaltou a importância do debate para conscientizar a sociedade sobre a necessidade de diálogo constante e do pensamento crítico de uma nação.
- Conscientização e debates mais profundos sobre os caminhos que queremos tomar são fundamentais.Por isso elogio a iniciativa do Interlegis em abordar esse assunto em um momento tão delicado para a humanidade -afirmou.
Foram convidados para o debate o jornalista Leonardo Coutinho, autor da obra “Hugo Chavez – O Espectro”; o cientista político Bruno Garschagen; o assessor internacional do Senado, Victor Nepomuceno; e o CEO da plataforma de inteligência política Dharma Political Risk and Strategy, Creomar Souza. A mediação ficou a cargo da presidente do Instituto Mundial para as Relações Internacionais, Carolina Valente.
Anfitrião do Webinar, o diretor-executivo do Interlegis, Márcio Coimbra,alertou para a situação de Hong Kong.A Lei de Segurança Nacional chinesa, promulgada no último mês pelo presidente, Xi Jinping, é vista como uma ameaça à autonomia da ex-colônia britânica.
- Há uma erosão das liberdades em Hong Kong, o que pode acontecer em outros países. É necessário um trabalho para evitar que o desrespeito à democracia transcenda mais fronteiras e avance sobre a liberdade de outras nações -analisou Coimbra.
Para o jornalista Leonardo Coutinho, a China usa de seu papel comercial para bloquear a interferência de outros países em sua política interna.Segundo ele,os valores morais e éticos devem ser separados das relações comerciais, de modo a não impossibilitar manifestações contra a violação de direitos humanos.
- É limitador não poder separar as duas questões. Eu posso não concordar e questionar a China sobre a liberdade de seu povo e, ao mesmo tempo, exportar para esse país -declarou.
Além da China, Leonardo citou os exemplos de Belarus, Bolívia e Venezuela, que também viram suas democracias ruírem, conduzidas por lideranças autocráticas que mascararam o cenário ditatorial.
- A democracia é extremamente frágil e pode ser utilizada contra ela mesma.Nós não devemos aceitar que utilizem o regime político democrático para excluir liberdades. O cuidado com a democracia passa pela preservação da liberdade - afirmou o jornalista.
Bruno Garschagen avaliou que a cultura política de um povo é fator determinante para os rumos de uma democracia e para o funcionamento das instituições políticas do país.
- Fomos levados a acreditar que a democracia levaria, necessariamente, qualquer sociedade a um resultado positivo.Mas tudo vai depender da cultura política do país e de sua dinâmica de desenvolvimento e fortalecimento das instituições -ponderou.
Garschagen ressaltou, ainda, que o regime democrático deve ser moldado e preservado de acordo com as transformações ao longo do tempo para evitar que seja danificado por lideranças que visam apenas o poder.
- Se nada for feito, as liberdades podem ser atacadas por determinados grupos políticos de tempos em tempos. A democracia pode se encaminhar para uma autocracia disfarçada - alertou Bruno.
Já para Creomar de Souza,os elementos de controle construídos pelo Estado parecem não dar conta dos desafios de um mundo hiper conectado.Na percepção de Creomar, o contexto atual, no qual a sociedade é bombardeada de informações a todo momento, dificulta o entendimento e aprofundamento da população sobre o sistema político.
- Enquanto temos uma cultura política vinculada ao papel do representante e aos rituais da fala de plenários e comissões, o mundo caminha para uma dinâmica muito mais rápida. Nesse universo enorme de tendências, as pessoas estão muito assustadas com aquilo que não conheciam e entendiam -destacou.
Ele explicou que esse processo, instaurado no cenário digital, faz com que as questões complexas sejam respondidas de maneira superficial.
- A insegurança das pessoas foram alimentando, gradativamente, uma sensação de orfandade diante do sistema político, que abriu espaço para um populismo ancorado nas redes sociais -concluiu.
O assessor internacional do Senado, Victor Nepomuceno, comentou sobre a importância de ter o Congresso Nacional engajado para que não haja restrição a nenhum direito de liberdade.
- Os parlamentares estão tendo o cuidado de entregar uma resposta efetiva à população sem violar nenhuma liberdade. A tônica no Brasil, hoje, é de preservação às liberdades –apontou Nepomuceno.
Márcio Coimbra, encerrou o Webinar ressaltando a importância do trabalho realizado pelo Interlegis como um laboratório de ideias e debates importantes para a sociedade.
- Um dos pontos fundamentais para o Interlegis, como espaço ThinkTank do Senado Federal, é o de discutir temas relevantes para a sociedade, o parlamento, e para a preservação da democracia e das liberdades no país –disse Coimbra.
O Webinar contou com a participação de cidadãos, por meio de perguntas enviadas aos debatedores pelo Portal e-Cidadania, que transmitiu o debate juntamente com o canal do Interlegis e da TV Senado no Youtube.
Para conferir o Webinar na íntegra, clique aqui.