Diretor-executivo do Interlegis e CEO de plataforma de inteligência política debatem riscos e cenários para 2022

CEO da empresa Dharma Politics, Creomar de Souza trouxe reflexões sobre o cenário no Brasil para as eleições presidenciais de 2022 e o impacto do movimento “Vidas Negras Importam” nas eleições americanas deste ano.

11/09/2020

Na segunda Live da série “Momento Político”, o diretor-executivo do Interlegis, Márcio Coimbra, conversou com o CEO da empresa Dharma Politics, Creomar de Souza, sobre o tema “Risco Político: Indicadores e Cenários”. As eleições nos Estados Unidos e no Brasil, a polarização e a questão racial no meio político foram alguns dos temas em pauta.

Questionado por Coimbra sobre o impacto dos protestos em diversas cidades americanas contra a violência policial, que matou George Floyd e outras pessoas negras, Creomar comentou sobre a influência cognitiva na tomada de decisões.

“Não há decisão irracional. Toda decisão é racional, mas ela pode ser mais ou menos influenciada pelas emoções. E isso se aplica à escolha dos candidatos na hora do voto”, explicou.   

Em 2016, Creomar acompanhou as eleições nos Estados Unidos, a convite da Embaixada americana. Analista político e assessor de relações internacionais, ele falou dos desafios de ser negro no mercado de trabalho e ressaltou que no Brasil ainda existe muita hipocrisia quando o assunto é racismo.

“Muitos brasileiros colocaram o selo ‘Black Lives Matters’ nas redes sociais, mas tratam o porteiro do prédio e o motorista do uber, que são negros, como se fossem invisíveis. Nos corredores da Câmara dos Deputados, eu já ouvi muitas vezes que ‘política não é coisa para preto’ e que os parlamentares não iriam falar comigo por eu ser negro. Também já me disseram que não tenho cara de assessor de relações internacionais”, revelou.

Para Creomar, a única forma de combater o racismo é fazer com que as pessoas não brancas (negros, orientais, latinos, índios) ocupem cada vez mais espaço em posições de poder.

“É preciso que as pessoas se acostumem com a nossa presença. Temos que parar de sermos vistos como minoria na nossa sociedade”, concluiu.   

Creomar avaliou, ainda, que com o impacto da pandemia de Covid-19 na economia brasileira e as incertezas sobre a produção da vacina, os próximos anos tendem a ser difíceis.

“O ano de 2021 será muito duro em termos de percepção panorâmica. Primeiro porque não há garantia de termos vacina pronta. E vai ser difícil, sobretudo, porque a opção para colocar mais dinheiro no mercado será gerando inflação, e eu não sei se as forças do mercado estão dispostas a ter que lidar com isso”, adverte.

O diretor-executivo do Interlegis, Márcio Coimbra, destacou a importância da análise do risco político com dados concretos.

“Vivemos em uma sociedade polarizada. O espaço para análise é muito pequeno e muitas vezes é preenchido apenas pela observação das pessoas, que se posicionam em um ou outro extremo”, observou.

Segundo Creomar, essa polarização fez com que ele se afastasse das discussões nas redes sociais.

“Eu já apanhei muito por não vestir a camisa nem da direita nem da esquerda e hoje eu evito entrar em bola dividida. As redes sociais são a nova praça pública e não são elas que vão me definir. Somos nós que nos definimos e definimos o nosso caminho”. 

A série de Lives “Momento Político” é transmitida toda quinta-feira , às 18h, pelo perfil do diretor-executivo do Interlegis, Márcio Coimbra, no Instagram. A cada semana será debatido um tema sobre política nacional e internacional. Confira as datas e os convidados da série nas redes sociais do Interlegis.