Economista Ricardo Amorim alerta para oportunidades dentro do BRICS

Ricardo Amorim encerrou o Encontro Interlegis afirmando que as economias dos países que compõe o BRICS se complementam, o que deve trazer vantagens e desafios para o Brasil

Ricardo Amorim fez um panorama da economia mundial sob o ponto vista dos países emergentes, que, segundo ele, representaram 75% do crescimento da economia mundial nos últimos 20 anos. Somente nos últimos 3 anos, a título de exemplo, a Índia respondeu por 10 por cento do crescimento mundial, participação que irá aumentar exponencialmente nos próximos anos.

O primeiro aspecto abordado por Amorim foi a população economicamente ativa, que pode variar entre os 15 e os 65 anos de idade. O economista explicou que a diminuição na taxa de natalidade de um país se reflete, cerca de duas décadas depois, na população em idade ativa. Desta forma, os países que compõe o BRICS diferem tremendamente. Neste contexto, Brasil e Índia apresentam populações mais jovens, enquanto China e Rússia mostram um contingente populacional mais envelhecido. Esta equação gera vantagens para os dois primeiros num horizonte de 20 anos em média.

No quesito educação, Amorim apontou uma vulnerabilidade brasileira. Segundo ele, a revolução tecnológica representada pela inteligência artificial e pelo Big Data, irá demandar cada vez mais habilidades específicas relacionadas as ciências exatas. Nas próximas duas décadas, 60% dos  profissionais formados nas áreas de ciência e tecnologia, matemática e engenharia, virão de China e Índia, o que confere uma grande vantagem comparativa a estes dois países. Segundo Ricardo Amorim, o Brasil deverá intensificar parcerias nestas áreas para suprir deficiências educacionais.

 Ao mesmo tempo, de acordo com dados apresentados pelo economista, a Índia vai passar por uma profunda inclusão ao mercado de consumo nos próximos 30 anos. Processo semelhante ao vivido pela China desde o final dos anos 1980. Cerca de 750 milhões de pessoas foram retiradas da pobreza no contexto chinês desde esta época. Isto significa que a demanda por alimentos, antes puxada pela China, deve continuar agora com motor econômico indiano. 400 milhões de indianos ainda vivem com menos de 2 dólares por dia. A inclusão destas pessoas ao mercado de consumo trará, como consequência lógica, vantagens diretas para o agronegócio brasileiro.

Concluindo a palestra, Amorim disse ver uma relação de complementaridade entre os países que compõe o BRICS. Ele considera mais profícuas as relações bilaterais entre Brasil, China, Rússia, Índia e África do Sul, do que as relações do Brics, enquanto bloco econômico, com o resto do mundo.